O Progresso

O Progresso

Pierre Leroy

Ele vinha com um jeito pós-moderno
Muito veloz, astuto e avançado
Esvaziava o conteúdo do moderno
E o anoitecer ficava ensolarado

A necessidade que aparecia todo dia
A novidade cotidianamente urgia
A semente que não crescia
A esperança que morria

O eterno presente era o presente eterno
Agora ele vivia no mundo pós-moderno
O fim da história redescoberto
Uma nova inovação do pensamento moderno

A vilania que se repetia no dia-a-dia
O presente como má companhia
O novo e o velho juntos realmente
O novo e o velho separados idealmente

A verdade que se escondia
A humanidade dominada pela covardia
A tristeza jogada para debaixo do tapete
A única voz era a de muitos em falsete

O moderno, o progresso, o pós-moderno
Nunca mais eu vi um gesto terno
O vil metal se declarou eterno
O interno foi assassinado pelo externo
O externo foi confundido com o interno

Ele dá o grito: sou progressista!
E eu reflito: sou hedonista?
E eu insisto: sou masoquista?
Eu então interdito: não sou nada disto!
Resolvo o conflito: sou marxista!

Revista Poeticus, Ano 04, numero 07, jan./jun. 2017

Poema Torto sobre o Carnaval

Poema Torto sobre o Carnaval

Rubens Vinicius da Silva



Eu, um rapaz do interior
Que morava perto de Blumenau
Ainda nunca havia ido
A um famoso bloco de carnaval.

Debutei foi no Plano Piloto
Brasília, sede do Governo Federal
Muita gente e muita música
Parecia um dia especial.

Mas aos poucos percebi
Que por detrás de confete e purpurina
Havia mesmo era a continuidade
Da cotidiana carnificina.

Vi que bloco de carnaval
É sinônimo de repressão policial
Que a semana de fantasia
Gera falsa alegria coletiva
À serviço da burguesia.

Gostei, não negarei
Foi um espetáculo sem igual
Mas confesso constrangido
Saber não ser o real sentido
De uma festa verdadeiramente especial.

Sua origem é popular
Já foi forma de resistência
Hoje em dia praticamente cooptada
Visando ao aumento da audiência.

Não se trata de desrespeito
Muito menos de indulgência
Para além da resistência
É necessário se auto-organizar
Visando destruir para assim constituir
Uma vida desalienada
Sem semanas controladas
Por aqueles que dominam nossa existência.

Na sociedade comunista
Baseada na autogestão social
Sem classes, sem Estado, sem exploração nem capital
Nenhum ser humano precisará se evadir
E todo o dia será motivo
Para pular e fazer
Um verdadeiro carnaval!


Revista Poeticus, Ano 04, numero 07, jan./jun. 2017 

Revista Poeticus, 07, online

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